Trocar um produto é uma prática comum, mas tanto consumidores quanto fornecedores precisam estar atentos às regras para evitar problemas. A política de trocas no Brasil é regida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), que define prazos, direitos e obrigações, além de especificar situações em que as trocas são obrigatórias ou facultativas.
Quando a troca é obrigatória
O fornecedor é obrigado a trocar produtos que apresentem falhas ou defeitos, conhecidos como “vícios”. Esses problemas podem ser aparentes, como botões faltando em uma roupa, ou ocultos, quando surgem com o uso, como um eletrodoméstico que para de funcionar.
De acordo com o CDC, o consumidor tem 90 dias para reclamar de vícios em bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis, e 30 dias no caso de bens não duráveis, como alimentos. O fornecedor tem até 30 dias para resolver o problema. Se não o fizer, o cliente pode optar por:
- Trocar o produto por outro similar;
- Receber o valor pago de volta, corrigido;
- Obter um abatimento proporcional no preço.
Quando o item é essencial, como uma geladeira ou um equipamento médico, a troca ou reparo deve ser imediato.
Quando a troca não é obrigatória
Se o produto não tem defeitos, a troca passa a ser uma decisão do fornecedor, que pode determinar suas próprias regras, como trocar apenas por itens do mesmo modelo ou limitar as trocas a determinados dias. É fundamental, porém, que as políticas sejam informadas claramente ao consumidor no ato da compra.
“A partir do momento em que o fornecedor estabelece uma política de trocas e a comunica ao cliente, ele tem a obrigação de cumpri-la”, explica Patrícia Dias, do Procon-SP.
Compras online e o direito de arrependimento
No comércio eletrônico, o consumidor conta com uma proteção adicional: o direito de arrependimento. Previsto no artigo 49 do CDC, ele permite que o cliente desista da compra em até sete dias corridos após o recebimento do produto, sem a necessidade de justificativa.
Nesse caso, o fornecedor deve aceitar a devolução, cobrir os custos do frete e restituir o valor integral pago. A regra se aplica a compras feitas em sites, aplicativos e marketplaces, mas é importante ficar atento: algumas plataformas internacionais podem não seguir as leis brasileiras, dificultando eventuais reclamações.
Serviços também têm regras específicas
Quando o problema ocorre na prestação de um serviço, como reformas ou transporte, o cliente pode exigir:
- Reexecução do serviço sem custo adicional;
- Abatimento no preço;
- Devolução do valor pago, atualizado.
Os prazos para reclamações variam: 30 dias para serviços não duráveis e 90 dias para duráveis, contados a partir da conclusão do serviço ou do surgimento do problema, caso ele não seja aparente.
A importância da transparência e do respeito
A relação entre consumidor e fornecedor é fundamental para fidelizar clientes e manter bons negócios. Para evitar conflitos, é essencial que os fornecedores sejam transparentes sobre sua política de trocas e devoluções, enquanto os consumidores devem conhecer seus direitos.
Em caso de dúvidas ou conflitos, o Procon é um canal importante tanto para consumidores quanto para empreendedores, oferecendo orientação e apoio.